Tradições juninas

Apesar de comparada ao Natal e á Páscoa como celebração de muito apelo popular, a festa junina originalmente não tem origem religiosa e cristã. Estes festejos tiveram início na Idade Média como forma de comemorar a passagem da primavera para o verão, o chamado solstício de verão, que acontece em junho na Europa.

Dessa forma, os europeus passavam a festejar esta mudança de estação como uma forma de afastar os maus espíritos e qualquer praga que pudesse atingir a colheita^[1]. Deuses pagãos e a fertilidade também eram celebrados nesta época do ano.

Como a Igreja Católica não conseguia combater a popularidade destas celebrações pagãs, ela procurou encontrar uma forma de trazer o hábito para os costumes cristãos. Assim, a Igreja passou a associar as festas juninas a três de seus santos mais famosos e difundidos.

No costume religioso, os festejos juninos se iniciam no dia 12 de junho — véspera do dia de Santo Antônio — e se estendem até o dia 29, dia em que se homenageia São Pedro. Ainda, nos dias 23 e 24, o “dono” da festa passa a ser São João.

Origem da Festa Junina no Brasil

A festa junina chegou ao Brasil na época colonial, trazida pelos portugueses. Inclusive, em Portugal, a festa era conhecida como Joanina, em referência ao santo tão querido no país. Contudo, desde que chegou ao Brasil, a festa junina foi sofrendo influências das culturas indígenas e africanas e se popularizou de tal forma que possui características peculiares em cada região do país^[2].

Ao longo dos anos, a tradição das festas juninas foi se adaptando e ganhando contornos e características típicas da vida rural e caipira. Apesar de muito difundida em todas as regiões do Brasil, foi na região Nordeste que as comemorações ganharam grandes proporções. Inclusive, no ano de 2022, a festa de São João de Campina Grande, na Paraíba, ganhou o título de "Maior São João do Brasil” e sua quadrilha bateu o recorde juntando 1.049 pares de dançarinos.

Quadrilha?! O que é isso mesmo? Sim, é uma das muitas tradições juninas. Então, sem mais delongas, chega de história e vamos descobrir cada uma delas.

As comemorações das festas juninas envolvem muitos símbolos e tradições que incluem comidas típicas, danças, brincadeiras, fogueiras, e outras decorações típicas. Estes elementos são tão característicos desse tipo de festa que a diferencia das demais celebrações tradicionais da nossa cultura e a torna especial. Confira as tradições que não podem faltar:

• Comidas típicas: desde a sua origem européia, as festas juninas são caracterizadas por um cardápio cujo ingrediente principal é o milho. Com este grão, são feitos diversos pratos típicos como a pipoca, a canjica, a pamonha, o bolo de milho e o curau.
• Mas não pára por aí. Nas barraquinhas de quitutes juninos você também costuma encontrar pé-de-moleque, paçoca, tapioca, cachorro-quente, pastel, churrasquinho, arroz carreteiro, quentão e chocolate quente. Sem sombras de dúvidas o banquete que a festa junina oferece é uma das razões para esta festa ser tão querida pelos brasileiros.
• Fogueira: acender a fogueira na área central da festa também é um hábito que foi incorporado da cultura pagã, que a utilizava para espantar os maus espíritos. Já na tradição católica, o formato da fogueira homenageia cada um dos três santos: a quadrada é de Santo Antônio; a redonda de São João; e a triangular de São Pedro.
• Balões: tradição trazida pelos portugueses, a soltura dos balões representava o início dos festejos de São João. Contudo, devido aos riscos de acidentes, a prática foi proibida no Brasil.
• Bandeirinhas: além da fogueira e dos balões, a decoração da festa junina fica por conta das bandeirinhas de papel colorido, coladas enfileiradas em fios de barbante e penduradas no alto dos salões e pátios onde a festa acontece.
• Fogos de artifício: uma tradição também portuguesa, o estouro dos fogos serve para despertar São João para os festejos. No Brasil, esta prática é popular principalmente no Nordeste.
• Mastro de São João: os portugueses trouxeram o costume de levantar um mastro com três bandeirinhas na ponta simbolizando os três santos homenageados pela festa.
• Danças típicas: apesar do forró ter se tornado praticamente o ritmo mais escutado e dançado em festas juninas, a quadrilha é a dança mais tradicional da festa. Ela é originária da França e representa um baile de casais vestidos de roupas camponesas ou, aqui no Brasil, caipiras. A quadrilha normalmente é a representação dos principais aspectos da vida no meio rural^[3]. Muitas vezes os dançarinos fazem uma encenação animada de um casamento caipira.
• Brincadeiras: para divertir a garotada durante a festa junina algumas brincadeiras e jogos são bem tradicionais e ficam organizados em barraquinhas. São elas: cadeia, pau de sebo, pescaria, correio-elegante, saltar a fogueira, argola, entre outras. É bastante comum ao final dessas brincadeiras, haver a distribuição de brindes.
• Simpatias para Santo Antônio: a devoção para os santos homenageados se faz tão forte nesse mês festivo que muitas devotas aproveitam a época para fazer simpatias e pedidos ao santo, conhecido como casamenteiro. Muitas moças solteiras ainda guardam a superstição de deixar uma imagem de Santo Antônio virado de cabeça para baixo em um copo de água, enterrado ou atrás da porta, fazer um pedido e só desvirar o santo quanto o desejo se realizar.

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